Retrospectiva de 2021
Não era de todo a minha intenção escrever a Retrospectiva de 2021 mas sinto a falta de desabafar convosco através da minha escrita. Não seria justo saltar um ano da minha vida e apagar um dos anos que mais me marcou, tanto a nível psicológico como a nível físico.
Todos os anos começo o novo ano com dois exercícios – analisar o ano que passou e escolher uma frase para o novo ano. Escrevi os objectivos pessoais mais loucos e que me fariam sair da caixa e lutar contra medos. A frase que escolhi para 2021 foi – Nunca desistir – a verdade é que fiz exactamente o contrário. – Retrospectiva de 2021
2020 foi um ano duro, e pensei (ingénua!!!!!) que 2021 seria para aliviar a mágoa que ficou. O vírus por cá continuava e a nossa vida andava a meio gás. Teletrabalho passou a ser diário e o meu quarto passou a ser o meu escritório. Tive de me ajustar e criar novos hábitos de rotina, mas aos poucos as coisas caminhavam para a normalidade.
Comecei o ano com a decisão que mudaria a minha vida – Voltar a conduzir. Já não conduzia há 10 anos e o medo sempre superou a minha pessoa, mas estava na altura de dizer basta. Fui no dia 2 de Janeiro à escola de condução a marcar as primeiras aulas…. no dia 4 de janeiro voltámos a ficar em casa. Mas eu estava com a “febre de querer” e procurei soluções. Foi quando surgiu a oportunidade de comprar um carro. Tive a sorte de ter a Raquel. Cheia de medo mas com “ganas” meti-me no carro com ela e numa semana voltei a conduzir. A Raquel teve uma paciência de escorpião e fez as maiores maldades (no 3º dia meteu-me na autoestrada a caminho da Ericeira) mas superei e cumpri o meu objectivo – Retrospectiva de 2021. Parece uma coisa banal mas para mim foi a superação de um medo e a concretização de um objectivo que há muito queria alcançar.
A vida estava a correr com normalidade e uma boa notícia chegaria em Maio. A operação que o meu avô tanto ansiava estava marcada e havia uma esperança. Acreditei fielmente que tudo iria correr bem…. até ele entrar em coma. Em Junho larguei tudo e parti para o norte, fiquei um mês a tomar conta da minha avó enquanto trabalhava à distância. Todos os dias ligávamos para o Porto para saber novidades mas elas não chegavam. Sim, a distância é uma valente merda e o covid não ajudou. Sim, não havia visitas. Sim, ele estava lá sozinho. Este sofrimento não tinha fim, até que ele acordou mas jamais voltou a ser quem ele era. Não comia. Não reagia. Não falava. Aceitaram as visitas da minha avó, sendo a única pessoa que podia lá ir e saía de lá destruída. Tive de voltar com o coração nas mãos. A última vez que falei com ele ao telefone soube naquele instante que o iria perder. Foi a maior dor que alguma vez senti pois perdi o homem da minha vida.
Quando nos falam em luto ninguém nos diz que a dor é para a vida. Aprendemos a viver com ela. A dor torna-se numa sombra com a qual aprendemos a viver. Há dias que vamos chorar de saudades e há outros que nos vamos lembrar de momentos felizes. O luto é uma luta diária que não tem fim à vista. A verdade é que sabemos que “isto” não é eterno mas ninguém nos prepara para a dor, para a perda, para o eterno vazio. Há uma coisa que o luto nos mostra, as verdadeiras amizades. As verdadeiras amizades farão de tudo para vos apoiar. Tive novamente a prova disso. Elas não me deixaram. Elas mandavam e mandam mensagens constantemente a perguntar as coisas mais descabidas. Elas não me deixaram cair. O apoio das pessoas é o que nos faz suportar tudo. As pequenas palavras. Um simples abraço, ou até mesmo a presença da pessoa faz-nos sentir bem e seguros.
Podia falar-vos do resto do meu ano mas a verdade é que nem eu me recordo muito bem o que se passou. Sei que me deixei levar pela dor e que por uns tempos quis ficar isolada do mundo. Sei que não é uma Retrospectiva de 2021 muito feliz…. mas sei que aos poucos voltámos a sorrir e a levantar para a vida.
6 comentários
Cláudia Carvalho
Adoro ler-te e fico triste ao saber que também tiveste um ano de m* 🙁
Abraço apertadinho * <3
Tim
Oh Claúdia. Beijinhos e um abraço bem apertado 😉
Rita C
Lamento muito o que aconteceu ao teu avô. Infelizmente sei o que é essa dor. Eu era ainda adolescente, pelo que foi muito difícil para mim fazer o luto e lidar com isso. É coisa de se ir fazendo, dia após dia. Não deixa de doer, mas um dia dói menos. Não significa que deixamos de amar a pessoa que partiu, apenas que conseguimos seguir em frente ao nosso ritmo, mesmo com as nossas saudades diárias.
Muita força, um beijinho grande e um 2022 mais tranquilo. ❤️
Tim
Obrigada pelo teu comentário minha querida Rita 🙂 Beijinho e mt força. Se precisares podes mandar mensagem 🙂
Mary
Fico triste que o teu 2021 não tenha sido o melhor. Perdermos alguém é sempre uma dor inexplicável e não há muito que possam dizer ou fazer por nós, é mesmo irmos andando um passinho de cada vez. Só te posso desejar que 2022 seja mais feliz, que te traga muito amor e muitas conquistas, um beijinho grande <3
Tim
Obrigada Mary, Um beijinho e um abraço apertado