Pedaços da Tim

Pedaços de mim #58

Não é preciso despertador para o dia da partida, pois quase não se dorme com tanta ansiedade. Arrumar o que falta, levar as coisas escadas abaixo e subir novamente para ver se alguma coisa fica trás. Está tudo? Então vamos embora.
São 4 horas e meia de viagem e muitos quilómetros pela frente. Atravessar meio Portugal para matar saudades vale a pena. O coração quase pára quando vê a placa Bragança 360km. É chegar e aproveitar cada segundo.
Chegamos e somos recebidos com grandes sorrisos e lágrimas de saudades. São horas de jantar e a minha avó já preparou um banquete. Em tom de brincadeira digo o grelhador dos pobres, temos de poupar e nada melhor que aproveitar o quente para comer e aquecer. Sabe tão bem!
Toca a comer pois a fome é muita.
Como é hábito, a minha avó não perde tempo e começa a pôr as mãos na massa. Entre rabanadas e sonhos pomos a conversa em dia, como se não falássemos todos os dias ao telefone. Já com tudo feito e com algum sono aproveita-se para se fazer um chá e aquecer leite para aconchegar o estômago antes de irmos dormir.
Já estamos a dia 24 e entre tachos e panelas ainda há tempo para divertimento. Levei o Uno pois sei que o pessoal gosta de jogar às cartas e desta vez não foi excepção. Em cima da mesa estavam apostas e gritos, sim gritos, pois ninguém gosta de perder nem a feijões, neste caso eram rebuçados e chocolates. A Tim nem um ferrero rocher ganhou… ainda não tinha jantado e já tinha declarado falência.
Para a mesa diz a avó. Na minha terra não se usa muito o bacalhau, mas ainda assim ele aparece na mesa. Couves e batatas e ovo. Calma! Há espaço para tudo. Estamos em fase de crescimento, para os lados, mas mesmo assim temos de comer.
Depois de arrumarmos a cozinha e jogarmos mais um bocadinho é hora de ir ao café e ver se a fogueira já arde. Se há coisa de que goste é ir chatear a minha Tia Alice. Só vou se comeres um bolo de bacalhau. Não tenho muita fome, mas se o comer vai? Vou! Pimba. Já está na boca e a Tia já está pronta a ir tomar café. Mas está frio diz ela. Não quero saber, vamos para a night atrás de moços giros. Já se está a rir… com a minha avó no braço direito e com a minha Tia no esquerdo descemos a rua. Encontram um banco para se sentar e começam a falar. A fogueira já arde. Se nos outros anos temos de nos aproximar dela para aquecer, este ano foi fugir dela pois o calor era muito. Está mais gente a chegar e as conversas são muitas… o tempo passa e não se dá conta.
Vamos para casa abrir as prendas? Vamos.
 
São poucas as prendas, mas não é por isso que fico triste. Estou com os meus avós e é isso que me importa.
Vai chover disseram eles. Ora que rico dia. Passear pela aldeia e rever alguns primos foi o que fiz dia 25, mas o tempo não estica e…

É hora de partir. Para o ano há mais.

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