Sabes que estás velha…
Lembraste quando a tua única preocupação era saber o que irias receber como prenda de anos?
Quando somos crianças ansiamos pelo nosso aniversário. Desejamos chegar aos dezoito anos, a idade da emancipação. A cada ano que passa a ânsia é maior, criamos novos objectivos e sonhamos com novas conquistas. Mas ninguém nos prepara para o momento “Estou a ficar velha”.
Chegamos aos dezoito anos e o que nós queremos é sair e divertir, mas há uma altura em que as noitadas são substituídas por serões no sofá enroladas ao nosso mais que tudo. Os cocktails dão lugar às canecas de chá e o nosso outfit resume-se a meias enfiadas no pijama com uma manta sereia da Primark. As saídas entre amigos ficam-se por mensagens no WhatsApp que se tornam num jantar que tem sempre nova data.
As responsabilidades vão crescendo, não desaparecem e não podem ser evitadas. Ou alguém nos faz encará-las de frente ou sofremos com as consequências. Mas mesmo assim, ser adulto tem as suas regalias, comprar aqueles sapatos, comer aquela fatia de bolo de chocolate e não ter os pais por perto para nos dar um sermão… Acredita, até do sermão vamos sentir falta.
Quando decidimos tomar rédeas e sair de casa, somos confrontadas com tarefas que não gostamos de todo. Porque ser adulto é fazer voluntariamente as coisas que não nos dão prazer imediato e e aceitá-las como uma necessidade. Quando agimos de uma maneira que nos faz lembrar a nossa mãe, algo muda em nós, sentimos aquele estalo universal.
Passamos pelo VH1 Classics e surge uma música que adoramos. Toca a subir o volume da Tv e recordar os tempos de liceu.Já lá vai o tempo em que a Britney Spears, Christina Aguilera e a Nelly Furtado bombavam nas Mtv’s desta vida. As mesmas foram trocadas por outras IT girls mas sobrevivem na nossa mente e nas noites de Karaokes.
Faço parte da geração que cresceu sem ter um gagdet no bolso, se pensarmos bem somos capazes de ter tido uma mochila com toda a nossa vida lá dentro – Walkman, Discman, Game Boy Color, Bip e toda uma colecção de cassetes e de cd’s– Nos dias de hoje todo este conjunto de relíquias encontra-se num só aparelho – o telemóvel.
Os sábados de manhã eram o nosso guilty pleasure desde o Dragon Ball à Sailormoon, até estes desenhos animados ganharam novas versões. That’s so Raven é só a melhor série que a Disney alguma vez criou. Acontece que a Disney também aproveitou a onda dos reboots e trouxe de volta a Raven. Agora ela tem dois filhos, é divorciada e vive com a sua melhor amiga, a Chelsea que também têm um filho.
Tal acontece com o mundo de Harry Potter, como assim já passaram vinte anos desde a sua primeira publicação? A J.K Rowling continua a escrever sobre o universo mágico e nós continuamos à espera da carta para estudarmos em Hogwarts.
“No meu tempo é que era” a expressão utilizada constantemente por gerações que envelhecem em relação às gerações mais novas. Como qualquer outra geração, também nós temos tendência a dizer que a nossa foi a melhor – 90’s Rules – O tempo passa por todos, vai continuar a passar e deixa connosco a saudade, porque “Se eu me apanha-se naquele tempo é que era.”