O meu avô Alfredo
Não encontrei melhor forma de o homenagear, apresento-vos o meu avô Alfredo. Por muito que me custe escrever neste momento, sinto a necessidade de vos apresentar a pessoa mais importante na minha vida.
Poucos sabem, mas a minha família é de Trás-os-montes. Os meus avós eram agricultores e sempre trabalharam na terra. Sempre os vi a lutar por aquilo que queriam e desde pequena que me ensinaram a dar valor às pequenas coisas. Foram para França ilegalmente e trabalharam muito para poderem ter uma casa em Portugal. O meu avô Alfredo sempre me disse que quando queremos algo, trabalhamos para isso. Sempre disse e continuo-o a dizê-lo – Quando crescer quero ser como o meu avô Alfredo.
Ele sempre se preocupou mais com os outros, do que com ele próprio. Por muito mal que estivesse, mesmo internado no hospital dizia sempre – estou bem, não te preocupes. Era um rapaz animado e sempre pronto para as brincadeiras. Onde ele estivesse havia gargalhadas na certa. Não me posso esquecer de vos dizer, ele tinha um sorriso maroto.
Tinha fobia aos telefones e só quando suplicávamos à minha avó é que ele vinha dar uma palavrinha. Gozava comigo quando fugia das abelhas e era a única pessoa que gozava comigo com a qual nunca ficava chateada. Acreditem que quando viu a minha tatuagem perguntou se era alguma vaca para andar marcada. Se fosse outra pessoa, tinha ido a um sítio que eu cá sei.
Num Natal aprendeu a jogar UNO e tornou-se numa tradição. Nunca fez batota, mas dizia sempre quem estava a tramar alguma. Jogávamos a chocolates e quando ele ganhava nunca ficava com eles, dava-nos. Tinha sempre uma palavra amiga para me dar. Ensinou-me a conduzir a carrinha, com muita paciência, e ainda gozou com o facto de ter sido ultrapassada pelo padre, mas como ele disse – isto não é nenhuma corrida.
Porta-te bem, é o que ele me dizia sempre. Eu bem tento, é o que lhe respondia. Não são as palavras que vão demonstrar a imensa gratidão que tenho para com ele. Se sou o que sou, é a ele que agradeço. Se cheguei onde cheguei, a ele lho devo. O problema é que ele não é eterno. O problema é que eu não sei viver sem ele. O problema é que ele nos deixou e levou com ele um pedaço de mim. Podia continuar a escrever sobre ele, mas gastaria todas as palavras. Vou ter imensas saudades dele, e vou ter de aprender a viver com esta dor até ao fim dos meus dias. Estou de coração partido pois perdi o homem da minha vida.
Estejas onde estiveres, não te esqueças – porta-te bem avô.
Edith Piaf – L’hymme d’amour
6 comentários
Claudia
Abraço apertadinho <3
Tim
Obrigada 😉
Rita C
Conheço bem essa sensação, mas esteja onde estiver está a olhar por ti e está orgulhoso, certamente 🙂
Um beijinho grande.
Tim
Obrigada 😉
Mariana Leal
Beijinho, Patrícia
Tim
Obrigada 😉